
Instabilidade climática impacta produtividade da cana no Brasil. Tecnologia e IA surgem como aliadas para mitigar riscos e garantir a competitividade do setor sucroenergético.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, responsável por 35% a 40% da produção global. A relevância desse cultivo remonta ao período Colonial, quando, a partir de 1530, tornou-se a primeira atividade econômica organizada do país. Hoje, seu uso vai muito além do açúcar: a cana abastece cadeias de energia renovável (etanol, biomassa e biogás), gera insumos químicos (solventes, embalagens), fornece ração animal e ainda impulsiona o turismo histórico e gastronômico.
O setor sucroenergético responde por cerca de 2% do PIB nacional, gera mais de 770 mil empregos diretos e outros 2 milhões indiretos, além de contribuir para a balança comercial, para a matriz energética e para a redução das emissões de carbono. Ou seja, trata-se de um segmento de impacto social, econômico e ambiental estratégico para o Brasil.
Queda na produtividade esperada
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), analisados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a produção prevista para 2025/26 é de 668,9 milhões de toneladas — queda de 1,2% em relação à safra anterior. A produtividade deve ficar em 77,3 toneladas por hectare, recuo de 2,3%. O ciclo da cultura prevê o plantio entre fevereiro e maio (no Centro-Sul) e, em um segundo momento, entre setembro e novembro, enquanto a colheita concentra-se de abril a novembro.
Oscilações climáticas comprometem lavouras
Grande parte dessa redução é atribuída à instabilidade climática que atingiu especialmente a região Centro-Sul. A combinação de estiagens prolongadas, temperaturas elevadas e episódios de geadas comprometeu o desenvolvimento das lavouras e reduziu a qualidade esperada da produção. Esse “efeito gangorra” já se tornou recorrente para diversas culturas.
Embora a cana seja considerada resistente à seca, com faixa ideal de crescimento entre 21°C e 34°C e necessidade de 1.200 a 1.500 mm de chuva bem distribuída ao longo do ano (segundo a EMBRAPA), a irregularidade pluviométrica e a aceleração do ciclo hidrológico têm diminuído a capacidade de retenção de água do solo, colocando em risco mesmo culturas tradicionalmente resilientes.
O papel da tecnologia e da MeteoIA
Esse cenário evidencia a urgência em adotar estratégias de mitigação e adaptação. É aqui que soluções como as desenvolvidas pela MeteoIA se tornam essenciais: a empresa utiliza inteligência artificial para transformar dados climáticos em informação acionável, permitindo previsões mais assertivas e antecipação de eventos extremos.
Com ferramentas como o MIA-Risk, produtores e cooperativas podem planejar o manejo de lavouras com base em cenários climáticos futuros, avaliar riscos de estiagem, geada e calor extremo, além de definir estratégias de irrigação e colheita de forma mais eficiente.
Mais do que garantir a competitividade econômica, proteger a produção de cana-de-açúcar é assegurar empregos, abastecimento energético renovável e parte da segurança alimentar do Brasil. E isso só será possível com o uso intensivo de dados e tecnologia. Nesse sentido, a parceria entre o setor sucroenergético e empresas de deep tech como a MeteoIA representa um passo decisivo para que o país siga como referência global no agronegócio sustentável.