O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para destacar o papel das mulheres em diversas áreas, especialmente na ciência, onde a presença feminina tem sido cada vez mais relevante. Para marcar a data, conversamos com Maria Luiza Kovalski, física, mestre em Ciências Atmosféricas e gestora da equipe científica da MeteoIA.

Maria Luiza tem uma trajetória acadêmica sólida: formou-se em Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e obteve o título de mestre pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Em sua pesquisa, investigou tendências futuras na variabilidade do potencial eólico no Nordeste do Brasil, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre energia renovável e mudanças climáticas.

Nesta entrevista, ela compartilha sua motivação para seguir na ciência, os desafios que enfrentou como mulher na área, sua visão sobre diversidade na pesquisa e sua experiência na liderança da equipe científica da MeteoIA.

Sobre a trajetória e desafios

  • O que te motivou a seguir carreira na ciência e inovação?

Na minha infância, morei em uma cidade pequena, onde quase não havia poluição luminosa, então eu passava horas na frente de casa contemplando as estrelas e imaginando o que existia além delas. Quando fiquei mais velha e me vi indecisa sobre qual caminho seguir, esse desejo de compreender melhor a natureza me levou a cursar Física. E claro, meu amor pela matemática também teve um grande papel nessa escolha!

  • Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como mulher na área científica?

Meus maiores desafios foram estar em uma área majoritariamente masculina e enfrentar o machismo presente nela. Já ouvi professores dizendo que algumas mulheres escolhem esses cursos ‘masculinos’ apenas para arranjar marido. Também fui alvo de piadas por usar maquiagem e já escutei absurdos como ‘machismo não existe’ e que ‘na universidade não há assédio porque todos são cultos’. Além disso, não basta ser tão boa quanto os colegas homens, é preciso ser substancialmente melhor para, talvez, receber algum reconhecimento. E mesmo assim, muitas vezes, o crédito pelo nosso trabalho simplesmente não vem.

  • Existe alguma mulher que te inspirou ao longo da sua trajetória profissional?

Marie Curie é, sem dúvida, a super-heroína de todas as cientistas! Mas há três mulheres que gosto muito de citar são Hedy Lamarr, Jane Goodall e Sylvia Earle. Elas me inspiram não apenas por suas trajetórias científicas, mas também como seres humanos. Em especial, Jane Goodall e Sylvia Earle se dedicam a campanhas por um planeta mais saudável, tanto para humanos quanto para animais, e isso é algo que considero incrível e inspirador.

Sobre o papel da mulher na ciência

  • Como você enxerga a presença feminina na ciência hoje? Você acha que avançamos ou ainda há muitas barreiras?

A presença feminina na ciência ainda está longe do ideal, especialmente em cargos de maior destaque. É inegável que houve avanços nos últimos 100 anos, mas os desafios que as mulheres enfrentam continuam sendo diferentes dos dos homens. Um exemplo claro disso foi a queda no número de mulheres se formando durante a pandemia, um reflexo de como, na sociedade, o papel de cuidadora ainda recai sobre elas, fazendo com que sua educação e carreira fiquem em segundo plano. 

  • Que conselhos você daria para mulheres que desejam seguir carreira na ciência e tecnologia?

O primeiro conselho que eu daria é estar ciente de que a carreira em ciência e tecnologia nem sempre será justa. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade patriarcal. Mas, apesar das adversidades, não desista! Talvez as coisas não sejam fáceis para a nossa geração, mas podemos ajudar a melhorar o caminho para que as futuras cientistas encontrem um ambiente melhor. Além disso, se for possível, busque o apoio de outras mulheres na ciência. Ter uma rede de apoio faz toda a diferença e ajuda a manter a cabeça erguida diante das dificuldades.

  • Como a diversidade contribui para a inovação e a pesquisa científica?

Acredito que o maior ganho da diversidade na ciência é a mudança de perspectiva. As experiências de cada pessoa influenciam a maneira como elas enxergam e interagem com o mundo, e essa pluralidade de olhares é essencial para a inovação. Quando reunimos pessoas com vivências diferentes, conseguimos criar soluções inesperadas e transformadoras, expandindo os horizontes do conhecimento científico. Sem a diversidade na ciência, não consigo vislumbrar o progresso que tanto almejamos. 

Sobre a MeteoIA 

  • Como é ser gestora da equipe científica na MeteoIA? Quais são os principais desafios e aprendizados?

Gerenciar uma equipe científica na MeteoIA é um desafio empolgante, especialmente porque trabalhar com pessoas nunca é uma fórmula exata. Cada integrante da equipe tem seu próprio estilo de trabalho, motivações e talentos, e meu maior desafio é entender essas particularidades para criar um ambiente onde cada um possa se desenvolver e alcançar seu máximo potencial. No fim, meu maior aprendizado vem justamente da equipe, ao observar como cada pessoa cresce e contribui para o projeto, aprendo constantemente sobre liderança, colaboração e inovação.

  • Algum projeto ou conquista recente te deixou especialmente orgulhosa?

Uma conquista que me deixou especialmente orgulhosa foi a aceitação do meu primeiro artigo. Nunca havia escrito um artigo antes, então todo o processo foi um grande aprendizado. Além disso, esse trabalho foi baseado no primeiro projeto em que me envolvi na MeteoIA, tornando-se um marco no meu desenvolvimento. Quando entrei na empresa, meu conhecimento em programação era básico, mas evoluiu de forma acelerada ao longo do projeto. Olhar para essa trajetória e ver o quanto cresci me deixa extremamente orgulhosa.

  • Quais valores te norteiam na condução do seu time?

Os valores que guiam minha forma de liderar são empatia, respeito e escuta ativa. Sempre busco melhorar no meu trabalho para criar um ambiente onde minha equipe possa crescer e se desenvolver ao máximo. Um colega me disse uma vez que sabia que estava fazendo um bom trabalho quando seu time saía dali melhor do que ele próprio, e isso ficou comigo. Quero que minha equipe brilhe e vá além!

Dia Internacional da Mulher

No Dia Internacional da Mulher, celebramos as conquistas e a importância das mulheres na ciência e em diversas áreas. A trajetória de Maria Luiza Kovalski, gestora da equipe científica da MeteoIA, é um exemplo do impacto que a presença feminina tem no avanço da pesquisa e inovação.

Neste dia, também reconhecemos o trabalho de todas as mulheres da MeteoIA, cuja dedicação contribui diretamente para o sucesso da empresa. Oferecer espaços para mulheres, especialmente em áreas como ciência e tecnologia, é essencial para fomentar a diversidade e promover soluções mais inovadoras e eficazes.

Parabéns a todas as mulheres da equipe da MeteoIA pelo trabalho fundamental e inspirador que realizam!